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quarta-feira, 31 de março de 2010

Quinta - Feira Santa - Missa do Lava-pés

Jesus lava os pés dos seus discípulos


"Ele pegou uma toalha e cingiu-se com ela. Depois colocou água numa bacia, e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido"(Jo 13, 4-5). Os discípulos resistem. Pedro reage fortemente. Ele expressa o que provavelmente está no coração de cada um dos discípulos. A mesma resistência que talvez esteja em cada um de nós. O que diríamos nós se Jesus, Nosso Senhor, aparecesse diante de nós e começasse a lavar nossa roupa ou limpar nossa casa? Não ficaríamos acanhados e chocados? Nós certamente diríamos a Jesus para sentar na sala de estar e serviríamos tudo que Ele desejasse. Ele chegou junto a Pedro e este disse "Senhor, vais lavar os meus pés? E Jesus respondeu: "Tu não sabes o que estou fazendo, depois irás compreender." Pedro então respondeu: "Jamais lavarás os meus pés." Jesus respondeu "se eu não os lavar não terás parte comigo" (Jo 13,6-9).

Apesar de ter uma atitude humilde e submissa diante de Pedro, Jesus mantém sua autoridade. Ele fala seriamente "se eu não lavar os teus pés não terás parte comigo". Estas são palavras fortes que em uma linguagem simples significam: "se eu não posso lavar teus pés não serás mais meu amigo, meu discípulo. Não poderás entrar no meu reino e receber a minha herança. Tudo entre nós está terminado, podes ir embora." Ter os pés lavados por Jesus não é uma opção, é uma condição essencial para ser seu amigo entrar no seu reino de amor. Pedro não consegue entender isto.

Pedro percebe a seriedade e a gravidade da resposta de Jesus e fica trêmulo. Talvez isto o tenha feito lembrar-se das palavras de Jesus ao chamá-lo de Pedro (A Pedra - "sobre esta pedra edificarei a minha igreja), e ao chamá-lo de Satanás, depois que se lamenta ao ouvir de Jesus o anúncio do seu sofrimento e morte (Jesus, voltando-se para Pedro, disse: "Retira-te de mim, satanás; tu serves-me de escândalo, porque não tens a sabedoria das coisas de Deus, mas das coisas dos homens". Mt 16,23). Palavras duras! Porque Jesus falou tão fortemente? Esta dureza esconde uma urgência e grande vulnerabilidade. Jesus está vulnerável. Aceitar o caminho da dor e do sofrimento, dar a própria vida, aceitar com humildade, como um escravo, sem direitos, ficar no último lugar: tudo isto vai contra o desejo normal do coração humano. Nosso desejo é ser alguém, mostrar quem somos através de nossas origens, qualidades, capacidades e direitos básicos. Estar disposto a renunciar a tudo isto não é fácil para Jesus, pois Ele permanece humano, como todos nós, exceto em uma coisa, o pecado. Este, no entanto, é caminho do amor que é dado a Ele pelo Pai no qual Ele viverá a total comunhão com o Pai e revelará seu amor radical por seus amigos, "até o fim." Pedro tem que entender isto urgentemente.

Frente a dureza da resposta de Jesus "Se eu não lavar os teus pés, não terás parte comigo", Pedro cede. Ele se abre para Jesus, mesmo sem entender porque ele não aguentaria se separar de Jesus. Então ele grita: "Senhor, lava não somente meus pés mas também minhas mãos e minha cabeça!" Talvez ele pensasse que Jesus estava criando um novo ritual de purificação. Mas Jesus afirma que não é isto, "aquele que se lavou não tem necessidade de lavar senão os pés, pois todo ele está limpo. Vós estais limpos, mas não todos. Porque Ele sabia qual era o que ia traí-lo, por isso ele disse: Não estais todos limpos" (Jo 13,10-11).

Não deixe de participar da missa nesta quinta-feira santa.

Por que esta Semana é Santa?


Na Semana Santa, a Igreja Católica celebra os mistérios da salvação, levados a cumprimento por Jesus Cristo nos últimos dias de Sua vida, a começar pelo Seu ingresso messiânico em Jerusalém. O tempo da Quaresma, o período de 40 dias, cujo início é na Quarta-feira de Cinzas, continua até a Quinta-feira Santa. A partir da Missa Vespertina da Quinta-feira (“in Cena Domini”/Ceia do Senhor) inicia-se o Tríduo Pascal, que abrange a Sexta-feira Santa “da Paixão do Senhor” e o Sábado Santo. E tem o seu ápice na Vigília Pascal e no Domingo da Ressurreição.

A Semana Santa começa no Domingo de Ramos, que une num todo o triunfo real de Cristo e o anúncio de Sua Paixão. Desde a Antiguidade se comemora a entrada do Senhor em Jerusalém com uma procissão solene. Com ela, os cristãos celebram esse evento, imitando as aclamações e os gestos das crianças hebreias, que foram ao encontro do Senhor com o canto do "Hosana" (o grito de exaltação e adoração ao messianismo de Jesus).

Durante a Semana Santa, a Igreja Católica celebra todos os anos os grandes mistérios da redenção humana. O Tríduo Pascal tem início na Quinta-feira Santa com a Missa do Lava-pés, expressão máxima da frase de Jesus – “Eu vim para servir, não para ser servido”. Nessa celebração, Cristo deixa o exemplo do amor ao próximo. Nessa Missa também se recorda a instituição da Eucaristia e do sacerdócio. Ao final da celebração, acontece a “Transladação do Santíssimo”, na qual o sacerdote recolhe as Hóstias Consagradas e as deposita no sacrário. Tudo isso acontece numa procissão luminosa, na qual o povo, em silêncio e recolhimento, é chamado à adoração a Nosso Senhor Jesus Cristo, que vai se entregar como sacrifício.

Na Sexta-feira Santa recorda-se o dia em que Cristo se entrega como vítima pela humanidade. A celebração desse dia se dá em três partes: liturgia da Palavra com o Evangelho da Paixão, adoração da cruz, com o tradicional beijo da cruz e distribuição da comunhão. Esse é o único dia em que não há Missa. Nesse dia, os católicos observam o jejum juntamente com a abstinência de carne. Também nesse dia se guarda o silêncio numa atitude de oração e contemplação.

Na noite do Sábado, segundo uma antiquíssima tradição da Igreja Católica, celebra-se a chamada “Vigília Pascal”. Esta noite santa, em que Jesus ressuscitou, deve ser considerada como “mãe de todas as santas vigílias”. Esta celebração inclui a chamada “bênção do fogo novo” com uma procissão luminosa, por meio da qual os fiéis católicos renovam sua fé em Jesus: a luz do mundo; a proclamação solene da Páscoa com o canto do “Exultat”; as leituras do Antigo e Novo Testamentos; e a celebração de um batismo, que é expressão da vida nova, que Jesus veio trazer. Os fiéis são convidados a cantar com alegria que “Jesus Ressuscitou”.

O Domingo de Páscoa, para os católicos, marca o início de um novo ciclo ou como é chamado “O Tempo Pascal”, que se estende por cinquenta dias, até a chamada Festa de Pentecostes (descida do Espírito Santo). Esses dias são vividos com a mesma intensidade e júbilo como se fossem um só e mesmo dia, o “Dia da Ressurreição”.

Pe. Donizete

responsável pela Liturgia da Canção Nova